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Eles partiram com poucas horas de diferença, após 74 anos de um casamento vivido lado a lado, com simplicidade e cumplicidade. A história de Odileta e Paschoal de Haro, de Votuporanga/SP, ecoa além do luto: levanta questões sobre os vínculos invisíveis que sustentam algumas almas ao longo de muitas vidas. Seriam almas gêmeas? Amor maduro ou apego espiritual? É possível desencarnar por amor?

Para entender essas conexões que resistem ao tempo e ao corpo físico, conversamos com a geriatra Talita Junqueira (foto), da Associação Médico-Espírita de São Paulo. Com base em sua vivência clínica e no olhar espírita, ela nos ajuda a enxergar além da biologia e compreender por que certos reencontros, nesta ou em outra vida, parecem simplesmente inevitáveis.
FE – No seu histórico como geriatra, você já viu outros casos como este?
Talita – Sim, já acompanhei outros casos assim, e eles sempre me tocam profundamente. Quando duas pessoas idosas vivem décadas lado a lado, muitas vezes existe uma conexão emocional, psíquica e espiritual tão intensa que o adoecimento ou a morte de um pode provocar, no outro, um processo de desligamento da vida física. No consultório ou nas visitas domiciliares, já vi esposas ou maridos adoecerem rapidamente após o falecimento do companheiro. A medicina tenta explicar isso como uma resposta ao estresse e à tristeza, mas há também algo mais sutil e profundo em jogo.
FE – O que pode levar quem ficou a “desligar a chave” e simplesmente partir também? Como isso se processa?
Talita – Do ponto de vista espiritual, esse “desligar da chave” pode ser compreendido como um esgotamento dos laços que ainda prendiam o Espírito ao corpo físico. Isso pode acontecer de forma rápida em pessoas com a vitalidade física já fragilizada e emocionalmente muito ligadas ao outro. O Espírito, então, se sente livre para partir, pois já cumpriu seu papel e deseja reencontrar o ente querido. É como se o amor entre eles servisse de ponte entre os dois planos.
FE – Podemos considerar esse casal como almas gêmeas? Como explicar quem são as almas gêmeas? Elas existem?
Talita – A Doutrina Espírita nos ensina que, sim, existem Espíritos que têm profunda afinidade e que, ao longo de várias encarnações, se buscam e se reencontram. Isso não significa que haja uma única alma feita para outra, mas, sim, que podemos desenvolver laços tão fortes que nos tornamos verdadeiros irmãos de alma. Quando vemos casais com tamanha harmonia e dedicação mútua, é possível que estejam unidos por esses vínculos antigos e sagrados. Mais do que rótulos, o que importa é o sentimento real e construtivo que cultivam um pelo outro.O apego aprisiona, o amor liberta. E esse casal parece ter vivido o amor que edifica, que dá sentido à vida. O reencontro deles, se houver, será fruto do merecimento e do bem que construíram juntos.
FE – É mais comum termos casais como este ou aqueles com muitos desafios a enfrentar?
Talita – A maioria dos casais, conforme observamos tanto na vida quanto nos livros da Codificação e da série André Luiz, ainda vive relacionamentos marcados por resgates, ajustes e aprendizados. Casais harmonizados, como este, existem e nos inspiram, mas são menos frequentes. Por isso, quando os encontramos, devemos valorizar esse exemplo de amor maduro e fiel.
FE – É possível que a vontade de permanecerem juntos possa adiar ou antecipar o desencarne do casal?
Talita – Sim, a vontade sincera e profunda pode exercer influência sobre o tempo do desencarne. A espiritualidade respeita os laços de amor verdadeiro. Há relatos de desencarnes adiados por causa de uma missão a cumprir, ou antecipados quando a missão já se completou e o Espírito deseja reencontrar o ente querido. Tudo acontece com o amparo de Deus e dos benfeitores espirituais, dentro da Lei de Amor.
FE – Nos casos estudados na obra de André Luiz, os casais, muitas vezes, possuem condições evolutivas diferentes ao desencarnar. Nesse caso, seria diferente?
Talita – Pode ser. Em muitos casos, o desencarne separa temporariamente os casais devido a diferenças vibratórias. No entanto, quando há verdadeira harmonia e uma vida de construção mútua, é possível que ambos estejam em condições semelhantes e sejam amparados juntos, reencontrando-se no plano espiritual em ambientes compatíveis. A forma como viveram e se amaram pode ter elevado ambos espiritualmente.
FE – Essa situação foi gerada por apego excessivo?
Talita – Não me parece apego no sentido negativo, e sim um amor construído com maturidade, respeito e entrega. O apego aprisiona, o amor liberta. E esse casal parece ter vivido o amor que edifica, que transforma e dá sentido à vida. Se houver reencontro, será por merecimento e pela história luminosa que teceram juntos.
FE – Qual é, na sua opinião, a lição mais importante que podemos extrair desse caso?
Talita – A maior lição é que o amor verdadeiro existe e sobrevive à morte. Quando vivemos com dedicação ao outro, com companheirismo, generosidade e respeito, criamos laços que ultrapassam o tempo e o espaço. Esse casal nos ensina que é possível envelhecer com dignidade e afeto, assim como que a morte pode ser apenas uma pausa entre dois corações que já aprenderam a caminhar juntos, em paz.