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A saúde humana depende da paz no mundo

Você, leitor, poderia indagar, assim como eu: como as guerras afetam a saúde e o bem-estar humanos? Quem são os mais atingidos? Quais as evidências científicas comprovam que a paz é o caminho para a preservação da dignidade humana e da saúde integral?

Para iniciarmos esta reflexão, trago uma frase de Immanuel Kant (2020), eminente filósofo do século XVIII, sobre a paz: “A paz perpétua não é um ideal irrealizável, mas uma tarefa que a razão impõe como dever”. Na obra À paz perpétua: um projeto filosófico, de 1795, Kant escreve como se elaborasse um tratado de paz internacional, em que destaca alguns pontos importantes:

  • nenhum tratado de paz deve conter cláusulas secretas;
  • nenhum Estado independente deve ser adquirido por outro por herança, troca ou compra;
  • exércitos permanentes devem ser gradualmente abolidos;
  • dívidas públicas não devem ser contraídas para financiar guerras;
  • nenhum Estado deve interferir violentamente em outro;
  • nenhum Estado deve cometer atos de hostilidade que tornem a paz impossível.

Em nossos dias, a fala do filósofo é esclarecedora e explica, em parte, os motivos da perpetuação das guerras. Desde o início do século XXI, tem havido aumento da violência, com guerras e inúmeros conflitos armados pela disputa de territórios. As guerras influenciam diretamente a saúde humana. Em tempos de conflito, observa-se a propagação de doenças infectocontagiosas pela insalubridade provocada pela destruição dos sistemas de fornecimento de água, pelo enfraquecimento ou sobrecarga do sistema de saúde – equipamentos, medicamentos, vacinas, leitos hospitalares, recursos humanos – e pela dificuldade na prevenção num cenário de medo e escassez.

Logo após a Primeira Guerra Mundial, houve a propagação da Gripe Espanhola a partir de quartéis lotados de soldados, com censura da informação sobre sua disseminação. Mais de 100 milhões de pessoas morreram em apenas um ano. Em 1994, com o genocídio em Ruanda, na África, mais de um milhão de refugiados foram para a República Democrática do Congo e, só no primeiro mês, mais de 40 mil pessoas morreram por epidemias de disenteria e cólera (MSF, 2019).

Os efeitos dos conflitos armados na saúde e na mortalidade de mulheres e crianças superam os produzidos diretamente pela violência. Estima-se que mais de 10 milhões de mortes de crianças menores de 5 anos, em todo o mundo, possam ser atribuídas a conflitos entre 1995 e 2015. As evidências associam guerras à desnutrição, lesões físicas, doenças agudas e infecciosas, saúde mental precária e condições sexuais e reprodutivas frágeis. As mulheres são mais vulneráveis às consequências psicológicas da guerra (Bendavid et al., 2021).

Os conflitos também estão associados a maior risco de doenças cardiovasculares entre civis. Um estudo de revisão sistemática mostrou relações consistentes entre mortalidade por doença cardíaca isquêmica crônica ou não especificada, pressão arterial elevada e uso de tabaco em áreas de guerra, especialmente em países de baixa e média renda (Jawad et al., 2019).

Por outro lado, acordos de paz podem levar à melhora dos determinantes sociais da saúde. Pesquisadores brasileiros e colombianos verificaram correlação positiva entre o período de desenvolvimento do Acordo de Paz na Colômbia e a melhora de indicadores sociais e estruturais – redução da violência, da pobreza monetária, da pobreza extrema, do desemprego e do analfabetismo (Mondragón-Sánchez et al., 2021).

Outro estudo mostrou que países que implementaram de forma abrangente os acordos de paz tiveram maior redução nas taxas de mortalidade neonatal, infantil e de menores de 5 anos, em comparação com os que encerraram conflitos por vitória militar ou outras formas (Joshi, 2015). Operações de paz ajudam a interromper ciclos em que a violência compromete a nutrição, melhorando a saúde futura e a reconstrução social (Beardsley; Beardsley, 2023). Pesquisas em diversos países confirmam a associação entre maior nível de paz – regiões com menos conflitos – e maior expectativa de vida, mesmo controlando fatores como renda e educação (Yazdi Feyzabad et al., 2015).

Além disso, caro leitor, preciso dizer que, ao iniciar a escrita deste texto, abri o capítulo 10 de O Evangelho segundo o Espiritismo, “Bem-aventurados os misericordiosos”. Aprendemos com Jesus que aquele que age com misericórdia para com o próximo obtém misericórdia para si mesmo. Ela se manifesta pela doçura, pela mansuetude e pelo perdão das ofensas. O esquecimento das ofensas é instrumento de paz para nossas almas. Se a reconciliação for possível, melhor. Caso contrário, o desejo de vingança deve ser eliminado de nossos corações, ao menos pelo pensamento.

É o Cristo quem vai além e nos alerta: “Reconcilia-te depressa com teu adversário”. Sabemos que a morte do corpo físico não nos afasta das dissensões e do ódio, pois aquilo que retemos em nossos pensamentos e sentimentos carregamos para a vida espiritual – perpetuando conflitos e agravando nosso estado moral. Perdoar é evitar que os efeitos do mal atuem tanto no presente quanto no futuro.

Referências

BEARDSLEY, Kyle; BEARDSLEY, Jessica. Can peace operations mitigate the effect of armed conflict on malnutrition? Evidence from Côte d’Ivoire. Environment and Security, v. 1, n. 1-2, p. 36-61, 2023. Doi: https://doi.org/10.1177/27538796231177152.

BENDAVID, Eran; BOERMA, Ties; AKSEER, Nadia et al. The effects of armed conflict on the health of women and children. Lancet, v. 397, p. 522-532, 2021. Doi: https://doi.org/10.1016/s0140-6736(21)00131-8.

JAWAD, Mohammed; VAMOS, Eszter; NAJIM, Muhammad et al. Impact of armed conflict on cardiovascular disease risk: a systematic review. Heart, v. 105, n. 18, p. 1.388-1.394, 2019. Doi: https://doi.org/10.1136/heartjnl-2018-314459.

JOSHI, Madhav. Comprehensive peace agreement implementation and reduction in neonatal, infant and under-5 mortality rates in post-armed conflict states, 1989-2012. BMC Int Health Hum Rights, v. 15, n. 27, 2015. Doi: https://doi.org/10.1186/s12914-015-0066-7.

KANT, Immanuel. À paz perpétua: um projeto filosófico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020. (Coleção Vozes de Bolso).

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. Brasília, DF: FEB, 2019. Disponível em: https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/WEB-O-Evangelho-segundo-o-Espiritismo-Guillon.pdf. Acesso em: 29 set. 2025.

MÉDICOS SEM FRONTEIRAS (MSF). A guerra e seu impacto na saúde. 2019. Disponível em: https://www.msf.org.br/noticias/guerra-e-seu-impacto-na-saude/. Acesso em: 30 set. 2025.

MONDRAGÓN-SÁNCHEZ, Edna Johana; BARREIRO, Reinaldo Gutiérrez; LOPES, Marcos Venícios de Oliveira et al. Impact of the Peace Agreement on the social determinants of health in Colombia. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 74, n. 2, 2021. Doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0892.

YAZDI FEYZABADI, Vahid; HAGHDOOST, Aliakbar; MEHROLHASSANI, Mohammad Hossein; AMINIAN, Zahra. The Association between Peace and Life Expectancy: An Empirical Study of the World Countries. Iranian Journal of Public Health, v. 44, n. 3, p. 341-351, 2015.

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