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Solidão entra na agenda mundial de saúde e ganha tradução espiritual

A solidão deixou de ser apenas um incômodo íntimo e passou a ser tratada como um dos maiores desafios globais contemporâneos. Um relatório divulgado este ano pela Comissão sobre Conexão Social da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que uma em cada seis pessoas no planeta vive um estado persistente de solidão, com efeitos diretos sobre saúde física, mental e o tecido social. A condição, segundo a entidade, está associada a mais de 871 mil mortes por ano, o equivalente a 100 óbitos por hora.

A OMS diferencia solidão, isolamento social e conexão social. Solidão é o sentimento doloroso decorrente da distância entre o vínculo desejado e aquele que realmente se vivencia. Isolamento social é a falta objetiva de relações suficientes. Conexão social refere-se às formas como as pessoas se relacionam, se apoiam e constroem vida compartilhada. É a partir da fragilização desses laços que se estrutura o fenômeno descrito pela organização como “epidemia silenciosa”.

Para o psicólogo Mauro Celso Lima (foto), membro da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas (Abrape) e das Associações Médico-Espíritas (AMEs) São Paulo e Osasco, o fenômeno vai além da ausência física de pessoas: “Solidão é um vazio emocional, um desconforto profundo. Não depende da quantidade de vínculos, mas de vínculos significativos – a pessoa pode estar cercada e ainda assim se sentir invisível”.

O psiquiatra infantojuvenil Marcus Ribeiro destaca que vínculos significativos começam na infância: “Eu lembro primeiro de pai e mãe. Eles são o primeiro espelho do social. A maneira como nos vinculamos com eles molda como, lá na frente, vamos nos relacionar com a sociedade”. Para ele, a falta de pertencimento não é teórica, e sim biológica: “O cérebro evoluiu para sobreviver em grupo. Pertencer fortalece até o corpo. Ausência disso gera vazio, isolamento, queda de autoestima”.

Jovens entre os mais afetados

Contrariando a ideia comum de que solidão seria um problema típico da velhice, o relatório mostra que adolescentes e jovens adultos estão entre os mais impactados. Entre 17% e 21% dos jovens de 13 a 29 anos relatam sentir-se solitários, com índices ainda maiores em países de baixa renda. O número chega a 24% nesses contextos, mais que o dobro dos 11% observados em nações de alta renda.

Segundo Mauro Celso Lima, parte desse quadro nasceu com a hiperconexão digital e a pobreza de vínculos reais: “Os jovens têm acesso a infinitas conexões na palma das mãos, mas carecem de encontros genuínos. Participam de inúmeras interações, mas poucas oferecem a sensação real de pertencimento”.

Marcus Ribeiro (foto) testemunha o fenômeno no consultório: “Eles convivem, conversam com dezenas online, mas não se sentem parte. Falam muito, mas não pertencem em profundidade”. Ele descreve o paradoxo de uma geração que envia mensagens, mas teme telefonar: “Há muitos grupos, mas nenhum lugar – vínculos sem espelho, sem confiança”.

A solidão também atinge com força pessoas idosas (uma em cada três) e grupos mais vulneráveis, como pessoas com deficiência, refugiados, indígenas e minorias étnicas. Questões socioeconômicas – renda, escolaridade, infraestrutura comunitária – e até o uso excessivo de telas são fatores que ampliam o risco, sobretudo entre os mais jovens.

Impactos que vão além do emocional

Os dados apresentados pela OMS são contundentes: solidão e isolamento social aumentam o risco de AVC, doenças cardíacas, diabetes, declínio cognitivo e depressão. O impacto chega à produtividade, ao desempenho escolar e até à longevidade.

Na prática clínica, a geriatra e membro da AME-São Paulo. Talita Junqueira (foto), confirma o efeito: “A solidão não é só um sentimento; ela gera estresse crônico, piora do sono, sedentarismo e pior adesão aos cuidados. O corpo traduz em doenças a falta de vínculo e de sentido. No caso dos idosos, o que falha não é só a rede de apoio, mas a nossa capacidade de enxergar o idoso – e qualquer pessoa – como alguém que ainda tem valor, missão e história”.

Marcus Ribeiro conecta esse quadro à adolescência: “Quando vínculos falham, surgem sinais vermelhos: isolamento, desânimo, irritabilidade constante, queda escolar, ruptura de rotina. No jovem, depressão raramente aparece como tristeza, aparece como desconexão”.

Em paralelo, a conexão social, ou seja, amizades, vínculos comunitários e convivência cotidiana, atua como um dos mais sólidos fatores de proteção para a saúde ao longo de toda a vida. Comunidades com laços fortes tendem a ser mais seguras, resilientes e colaborativas.

O olhar espírita para o fenômeno

Para além da análise biomédica, o tema também ressoa no campo espiritual. O Espiritismo compreende o ser humano como um Espírito em evolução, inserido em redes de vínculos que atravessam existências. Sob essa perspectiva, solidão não é apenas ausência de companhia, mas desalinhamento afetivo e espiritual, um distanciamento do outro e de si.

Mauro Celso Lima reforça esse ponto: “Solidão não nasce da falta de pessoas, mas da de pertencimento. É quando nossa essência não encontra ressonância no outro”. O psiquiatra Marcus Ribeiro observa que, quando vínculos se tornam moeda, quando afeto depende de desempenho, cria-se um buraco difícil de preencher: “A convivência encolheu. Menos praça, menos rua, menos espontaneidade. E o afeto virou condicionado: só mereço se entregar algo. Isso vira prisão”.

A visão espírita reforça o papel da convivência, da fraternidade e do amparo mútuo como caminhos de cura. Emmanuel, em diversas mensagens, lembra que a vida em comunidade não é apenas conveniência social, mas lei de cooperação, fundamento do progresso moral. Se a OMS fala em “conexão social”, a Doutrina Espírita amplia o horizonte para a conexão espiritual, aquela que se expressa em empatia, responsabilidade coletiva e cuidado ativo com o outro. Ambos os discursos convergem para uma mesma conclusão: ninguém evolui sozinho.

Quando a ciência e a espiritualidade se encontram

O relatório da OMS sinaliza uma agenda global para enfrentar o problema, com ações que vão de políticas públicas ao fortalecimento da infraestrutura comunitária – parques, centros culturais, bibliotecas, espaços de convivência. Há também recomendações para intervenções psicológicas e iniciativas de engajamento social. No campo espiritual, a leitura é complementar: sentimentos como acolhimento, pertença e significado fortalecem a saúde emocional, social e energética das pessoas e funcionam como antídotos simbióticos ao sofrimento.

Marcus Ribeiro vai além: reconexão exige experiências reais, não só discurso: “O jovem precisa de relações em que possa ser imperfeito, sem julgamento. Conexão que não tem pressa. Experiências compartilhadas – música, esporte, espiritualidade, voluntariado – dão utilidade, papel, existência”.

Soluções possíveis começam no cotidiano

A própria OMS reconhece que pequenas atitudes têm grande alcance: telefonar para um amigo, estar presente na conversa, cumprimentar um vizinho, participar de um grupo local ou fazer trabalho voluntário. A Doutrina Espírita ecoa o mesmo princípio: bondade ativa e convivência amorosa constroem redes de amparo que transcendem o imediato.

Para Mauro Celso Lima, o caminho é relacional: “Curar solidão exige presença e responsabilidade pelo outro. É uma reforma íntima coletiva”. Talita Junqueira ilustra com a história de um paciente que reencontrou sentido ao esperar a chegada da neta: “Ele voltou a se cuidar, reorganizou a rotina e reencontrou alegria. Pertencimento cura antes da Medicina”.

Marcus Ribeiro converge com ambos, mas alerta para a lógica contemporânea: “As telas não são inimigas, o problema é aquilo que substituem. Às vezes, viram curativo rápido para desconforto, mas sem preencher. Alimentam vínculos frágeis, comparações, ansiedade. A terapia real exige corpo a corpo”.

O encontro entre ciência e espiritualidade não é retórico, visto que aponta caminhos práticos. Laços humanos saudáveis são pilares de saúde integral. Em um mundo hiperconectado e emocionalmente distante, reacender laços humanos e espirituais deixa de ser gentileza – vira estratégia de saúde pública e evolução moral coletiva.

Três olhares, uma convergência: vínculos curam mais do que companhia

“Solidão é um sintoma relacional – ela revela vínculos frágeis, identidades sem espelho e vidas sem reconhecimento” (Mauro Celso Lima).

“Na velhice, essa ferida se acentua quando a sociedade deixa de enxergar valor, história e contribuição” (Talita Junqueira).

“No consultório, vejo jovens cercados e sozinhos, pertencem aos grupos, mas não têm lugar” (Marcus Ribeiro).

“Conectar cura, porque devolve horizonte. Pertencer e significar são verbos terapêuticos” (Mauro Celso Lima).

“E quando alguém recupera propósito – seja por fé, família ou comunidade –, o corpo responde, o cuidado volta a fazer sentido” (Talita Junqueira).

“Pertencimento fortalece corpo e identidade. Quando afeto vira moeda, a alma adoece” (Marcus Ribeiro).

“O século XXI nos aproximou virtualmente, mas sem encontro real” (Mauro Celso Lima).

“Por isso, envelhecer bem não é problema urbano, é missão cultural: reconhecer o idoso como ser ativo, capaz de transformar” (Talita Junqueira).

“As telas ocupam o espaço do vínculo. Funcionam como curativo, mas não como alimento. Recuperar sentido passa por relações reais, imperfeitas, compartilhadas. É cura de propósito” (Marcus Ribeiro).

O retrato mundial segundo a OMS

  • 1 em cada 6 pessoas no mundo vive solidão persistente.
  • 871 mil mortes/ano estão associadas à solidão – 100 por hora.
  • Jovens (13 a 29 anos): entre 17% e 21% se dizem solitários.
  • Países de baixa renda: taxa chega a 24%.
  • Países de alta renda: 11%.
  • Pessoas idosas: 1 em cada 3 vive isolamento social.
  • Adolescentes: 1 em cada 4 está isolado socialmente.
  • Risco aumentado de: AVC, doenças cardíacas, diabetes, declínio cognitivo, depressão.
  • Vínculos sociais fortes reduzem mortalidade e protegem a saúde mental.
  • Grupos mais vulneráveis: pessoas com deficiência, refugiados, LGBTQIA+, indígenas, minorias étnicas.
  • Fatores de risco: baixa renda, baixa escolaridade, morar sozinho, pouca infraestrutura comunitária, uso excessivo de telas.
  • Consequências adicionais: menor desempenho escolar, dificuldades no emprego, menor renda ao longo da vida.

OMS propõe: políticas públicas, intervenções psicológicas, fortalecimento de espaços comunitários e criação de um Índice Global de Conexão Soci

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