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irPara os simpatizantes do futebol, foi emocionante testemunhar a vitória do time francês Paris Saint-Germain sobre a equipe italiana da Inter de Milão na final da Champions League, por 5 x 0, em 31 de maio. E um personagem merece destaque especial: o técnico espanhol Luis Enrique.
Sua história de vida é marcante. Em 2019, o treinador vivenciou o desencarne de sua filha Xana, aos 9 anos de idade, em decorrência de um osteossarcoma, um tumor maligno muito agressivo. Como é esperado e natural, o falecimento de um filho é sempre considerado uma tragédia. Só compreende o impacto dessa experiência quem já a enfrentou.
No entanto, o que vem chamando a atenção do mundo são as declarações do treinador em diversas entrevistas ao ser questionado sobre esse episódio tão doloroso em sua vida e na de sua família. Ele afirma que “não perdeu sua filha”, mas que a teve por maravilhosos 9 anos, em um período repleto de alegrias e significado para todos que conviveram com ela. Disse que ela sempre gostou de festas e que continua “fazendo festas” onde quer que esteja. Afirma que sua filha vive em uma outra dimensão – a espiritual – e que todos os dias celebram sua presença em suas vidas.
Seu testemunho é forte, impactante e repleto de amor. Quase em tom premonitório, disse que sua filha estaria espiritualmente presente no jogo final. Em entrevista mais recente, Luis Enrique comentou que, ao mesmo tempo em que a vida proporciona momentos felizes e cheios de conquistas, ela também nos auxilia no enfrentamento das dificuldades, oferecendo-nos experiências que, muitas vezes, não gostaríamos de vivenciar.
Essa história oferece um importante material de reflexão. O luto parental, ou seja, o luto vivenciado por pais que perdem seus filhos, é uma das experiências mais difíceis e devastadoras que alguém pode enfrentar. Trata-se de uma dor que desafia qualquer tentativa de descrição, pois rompe com a ordem natural da vida, na qual os pais esperam ver seus filhos crescerem. Eles podem sentir uma dor intensa, tristeza, raiva, culpa, confusão e até mesmo um sentimento de vazio existencial. Não se trata de um processo linear; os pais podem experimentar altos e baixos ao longo de sua jornada de luto.
Por essa razão, é essencial que tenham acesso a um espaço seguro para expressarem seus sentimentos e sejam acolhidos sem julgamentos. Atitudes empáticas são fundamentais, evitando frases que minimizem a perda ou invalidem os sentimentos dos pais. O estabelecimento de uma rede de apoio emocional, social e espiritual é de grande valia. Em muitos casos, é necessária a manutenção de acompanhamento profissional com psicólogos ou terapeutas, para que possam elaborar a dor e reencontrar sentido.
Aprendemos com a Doutrina Espírita que a perda de um ente querido em tenra idade pode, frequentemente, sinalizar o cumprimento de uma etapa evolutiva espiritual significativa, sendo, ao mesmo tempo, uma grande prova para os pais e demais familiares. Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo V, no item sobre a perda de pessoas amadas e mortes prematuras, Kardec traz uma importante reflexão sobre os questionamentos que costumam surgir diante desses desencarnes: frases como “Deus não é justo ao levar uma pessoa tão jovem”, “não teve tempo de viver” ou “nunca fez mal a ninguém” são expressões recorrentes.
Eis o que nos ensina o Espírito Sanson, em mensagem de 1863:“Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima da vida terrena, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a Justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano”.
A mensagem ainda esclarece que a vida material interrompida de forma precoce pode, em certos casos,ser uma proteção para o espírito, evitando quedas morais mais graves. Em outros, pode representar uma prova para os pais. Diferentemente da visão materialista, que concebe a existência física como única, a visão espírita compreende que a destinação de todos é a felicidade futura, nas diversas “moradas do Pai”, após sucessivas experiências na vida corporal, com suas provas e expiações.
Por fim, as reflexões do eminente treinador se coadunam com a mensagem consoladora:“[…] sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus”.
Luís Gustavo Langoni Mariotti é médico com especialização em Geriatria pela Escola Paulista de Medicina, com área de atuação em Medicina Paliativa, e coordenador do Departamento de Cuidados Paliativos da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil).
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. Brasília, DF: FEB, 2019. Disponível em: https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/WEB-O-Evangelho-segundo-o-Espiritismo-Guillon.pdf. Acesso em: 10 jun. 2024.