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irFolha Espírita – setembro de 1975
Marlene Rossi Severino Nobre
Os avanços científicos na área da Medicina têm modificado o modus vivendi da sociedade contemporânea, permitindo, inclusive, o desenvolvimento de especialidades como a gerontologia (estudo dos problemas que afetam a velhice), com vistas a uma dilatação no período de vida dos indivíduos. Se, por um lado, inúmeros medicamentos influíram positivamente nas áreas de higiene e saúde pública, nenhum outro trouxe tanta efervescência, no meio social, como os anovulatórios, ou pílulas anticoncepcionais.
As mulheres eram antes condenadas a arrastar pesado ônus no campo sexual, ou seja, o medo permanente de engravidar, e por isso mesmo a impossibilidade de participar com o companheiro do mesmo prazer nas relações amorosas. A partir do momento em que a “pílula” entrou para o consumo de milhões de mulheres em todo o mundo, a própria estrutura da sociedade sofreu profundas alterações, determinando mudanças consideráveis nos costumes.
A sociedade patriarcal, repressiva e discriminatória vem sofrendo desde então arremetidas constantes no sentido de modificar e arejar seus princípios. Essa sociedade hipócrita que usa dois pesos e duas medidas, favorecendo o egoísmo masculino, está sofrendo abalos consideráveis por muitos fatores, especialmente pela incorporação da “pílula” ao acervo de conquistas femininas.
Até bem pouco tempo, o prazer às relações sexuais era considerado “vergonhoso” para as mulheres bem-casadas; a prole numerosa sem possibilidade quase nenhuma de controle ou de programação; a dificuldade de acesso aos bancos escolares; a exploração do trabalho feminino; o excesso de encargos no lar, sobretudo com os filhos, são aspectos bem destacados da situação de subalternidade em que as mulheres têm vivido, desde muitos séculos.
Existiria uma posição espírita quanto à utilização da “pílula” como meio anticoncepcional? As questões 693 e 693a de O livro dos Espíritos levantam o problema dos obstáculos à reprodução, acentuando que o homem “pode regular a reprodução, de acordo com as necessidades”, em se referindo ao problema da proliferação das espécies no planeta. Compete a cada um discernir o que lhe assenta melhor, porque a Doutrina Espírita esclarece e liberta o indivíduo, deixando-lhe a livre determinação para tomar o rumo que desejar, nos caminhos da vida.
Há muitos pontos a ponderar. Por que o plano espiritual permitiu a síntese dos hormônios componentes da “pílula”? Nesse período de transição, quando os direitos sempre negados às mulheres estão em pauta para reexame, quando a liberdade sexual extremada surge como reação ao largo período repressivo em que se encarceraram as almas femininas por tantos séculos, não representaria a “pílula anticoncepcional” um meio transitório de acomodação?
Tomar ou não tomar a pílula, eis a questão?! Entendemos que a decisão deve ser de exclusiva responsabilidade do casal. Marido e mulher devem se perguntar: vamos ou não planificar a família? Se decidirem pelo sim, a escolha do meio para essa planificação deverá ser tomada pelos cônjuges com supervisão médica. Não se deve ignorar que a pílula introduz no organismo um clima de pseudogravidez, o que impede a concepção, mas justamente por determinar uma sobrecarga permanente de hormônios, que têm uma fisiologia bem definida na economia orgânica, é mais do que necessário o aconselhamento médico, principalmente porque há casos de contraindicação total de seu uso, para um determinado número de mulheres. Referimo-nos apenas às mulheres porque a pílula masculina está ainda em fase experimental, mas não há dúvida de que o homem partilhará essa responsabilidade com a mulher em tempo bem próximo.
Lembramos para favorecer o nosso estudo que planificar não significa impedir o nascimento de novos seres de maneira definitiva. O próprio termo dá ideia de programação familiar com responsabilidade. Acreditamos que o principal empecilho para que a planificação seja feita em moldes genuinamente cristãos esteja no fato de que é muito difícil ao ser humano estabelecer os limites entre o supérfluo e o necessário, entre o egoísmo e a caridade. Quantos filhos deveremos ter? A quantos Espíritos deveremos dar oportunidade para o renascimento? Nesse caso, a oração e a disposição sinceras de acertar são elementos muito importantes para o cumprimento das responsabilidades familiares.
Kardec afirma: “A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisso está o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, a garantia da segurança de todos” (O livro dos Espíritos, questão n. 685a). Realmente, o casal amadurecido para as realidades espirituais evitará a imprevidência e a desordem domésticas, oferecendo, com base na renúncia e no esforço próprio, as melhores condições de segurança para os filhos – Espíritos que Deus situou sob seus cuidados para receberem apoio e orientação em sua evolução espiritual.
Se o casal decidir deixar a natureza estabelecer o número de filhos que deve ter é porque, certamente, está disposto a enfrentar todas as lutas materiais e morais, para garantir, aos inúmeros rebentos, a segurança indispensável ao seu desenvolvimento.
Os hormônios têm funções muito bem definidas no organismo. No caso das jovens, mais particularmente as adolescentes, um dos períodos maiores, quando os hormônios femininos são ingeridos em excesso, como no caso das “pílulas”, é a sua atividade específica sobre a epífise dos ossos, impedindo o crescimento.
Referimo-nos em artigo anterior as duas ministras francesas, Françoise Giroud e Simone Well, responsáveis por legislação bem recente, abrindo todas as comportas para um vasto programa de contracepção. Hoje, qualquer adolescente francesa pode lançar mão das “pílulas”, sem mesmo necessidade de prescrição médica. Abertura muito perigosa essa!
Os hormônios têm implicações no metabolismo dos açúcares, devem ser bem observados, sobretudo nas mulheres de tendência diabética; eles repercutem em outras áreas, como no caso da coagulação sanguínea, aumento do crescimento ou das mitoses celulares etc., fatos que devem alertar as suas consumidoras, especialmente aquelas que se acham em plena adolescência.
Há um reparo ainda a fazer quanto ao aspecto moral. É necessário que a menininha observe se não está enquadrada nos tristes desvãos da mulher-objeto. Liberdade nada tem a ver com libertinagem. Desconhece por completo a finalidade do sexo aquele que recomenda relações sexuais como se receitasse comprimidos para dor de cabeça.
“Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo nesse sentido, em bases de afinidade ou confiança, estabelece-se entre ambos um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade.” Essa afirmativa de Emmanuel esclarece bem as profundas implicações psicológicas e espirituais que envolvem o ato sexual. Ninguém lesa o parceiro em matéria de sexo sem lesar a si próprio. Por isso mesmo, ninguém se iluda. A emancipação feminina não se fará nos moldes do regime poligâmico. Nenhuma mulher será feliz ou se sentirá livre enquanto for considerada apenas como simples objeto de prazer, sem que sua alma e sua sensibilidade aflorem para a plenitude de suas realizações.