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irO vídeo do influenciador Felipe Bressanim, o Felca, que denunciou a exploração infantil na Internet, evidencia os desafios da infância e adolescência na era digital e reforça a importância da legislação e da orientação familiar
O vídeo do youtuber Felipe Bressanim, o Felca, sobre a “adultização” e a sexualização de crianças e adolescentes na Internet tornou-se uma febre midiática no último mês. A denúncia feita por ele gerou repercussões imediatas: movimentação das autoridades policiais e judiciais, fechamento de contas em redes sociais, campanha pela aprovação do ECA Digital e pautou o Congresso Nacional. Diversos temas relacionados à adultização de crianças vieram à tona, sobretudo o crescimento do uso de smartphones e das redes sociais e seus impactos significativos na saúde mental de crianças e adolescentes.
O psiquiatra da infância e adolescência Marcus Ribeiro, presidente da Associação Médico-Espírita de São Paulo (AME-SP), alerta que, nos últimos dez anos, observa-se um aumento exponencial nos casos de ansiedade, depressão, baixa autoestima, transtornos alimentares e outros transtornos mentais entre crianças e adolescentes. Segundo ele, pesquisas associam esse crescimento ao acesso generalizado a smartphones e mídias sociais, especialmente plataformas baseadas em curtidas e engajamento, que funcionam como mecanismos de validação. “Nessa fase da vida, isso tem um peso muito maior do que em outras etapas do desenvolvimento”, explica.
Maria Clara Machado Breves, pediatra especialista em medicina do adolescente, ressalta que o impacto não é igual para meninos e meninas. “As meninas acabam consumindo mais redes sociais, sofrendo influência direta da pressão estética e lidando com comparações constantes. Elas internalizam comportamentos que podem evoluir para ansiedade, transtornos alimentares, baixa autoestima e desmorfia corporal – até mesmo em crianças pequenas, que, com 6 anos, já seguem rotinas de skin care ou padrões de beleza”. Já os meninos tendem a consumir mais jogos digitais, o que, segundo a pediatra, aumenta irritabilidade, comportamentos impulsivos e agressividade, confundindo o que é virtual e real.
Sobre o vídeo de Felca, que destacou também a exploração de crianças por terceiros, Maria Clara alerta: “Quando você terceiriza tudo isso para crianças e adolescentes, eles ficam perdidos, mas eu acho que, na verdade, está todo mundo perdido”. Ribeiro reforça a responsabilidade parental: “Os próprios pais, dentro de uma aplicabilidade, seriam responsabilizados. Quando falamos de crianças e adolescentes, eles são prioridade. É preciso defendê-los, independentemente dos terceiros envolvidos”.
Para enfrentar esses desafios, a legislação brasileira avançou com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Digital, que busca aplicar os princípios do ECA também ao meio online. Segundo os especialistas, a lei existe e precisa ser efetivamente aplicada, orientando pais, educadores e plataformas digitais quanto a limites de idade, exposição e consumo de conteúdo. “É importante compreender que determinadas mídias não cabem em certas fases do desenvolvimento do cérebro. A recomendação é que adolescentes só tenham acesso a plataformas com validação social depois dos 14 a 16 anos, dependendo da mídia”, destaca Ribeiro.
O diálogo com os pais é apontado como fator-chave para prevenção, assim como o monitoramento do conteúdo consumido. Muitas crianças e adolescentes escondem o que veem. Os pais, por vezes, ocupados com seus próprios dispositivos, não percebem sinais de sofrimento, que só se manifestam quando a situação já é grave”, declara Maria Clara. A pediatra também cita comportamentos como mudanças de humor, irritabilidade, isolamento e alterações alimentares como sinais de alerta.
Ferramentas digitais de controle, como aplicativos que limitam o tempo de tela e filtram conteúdo impróprio, podem auxiliar, mas não substituem a presença ativa dos pais. “A comunicação é fundamental. Nem tudo será milagroso, mas podemos colaborar para que o adolescente tenha segurança e autonomia”, afirma Maria Clara.
Além do cuidado com a saúde mental, Marcus e Maria Clara reforçam a importância da espiritualidade e da fé na infância e adolescência como pilar para a construção de valores, princípios e virtudes. “O entendimento ético e moral proporciona um alicerce para desenvolver parâmetros que ajudam os jovens a avaliar o que é saudável ou prejudicial no mundo digital”, explica Ribeiro. “Frequentar grupos religiosos ou centros espíritas, por exemplo, reduz ansiedade, depressão e outros fatores de risco”, acrescenta Maria Clara.
Para os especialistas, a mensagem final para famílias e educadores é clara: “Estamos todos aprendendo a lidar com uma realidade que muda rapidamente. O que importa é buscar conhecimento, diálogo e alternativas que promovam um uso saudável da tecnologia, sem perder a valorização do tempo offline e do contato com o mundo real”.
Além dos aspectos clínicos, os especialistas enfatizam a dimensão espiritual. “A infância é um período sagrado, de construção de valores e virtudes. A fé e a espiritualidade, vividas de forma apropriada para cada idade, ajudam a criança a internalizar princípios éticos e a lidar com pressões externas”, afirma Ribeiro. Maria Clara acrescenta que a participação em grupos e atividades religiosas, como mocidades em centros espíritas, oferece suporte emocional e reduz fatores de risco, incluindo depressão, ansiedade, tentativas de suicídio e gravidez na adolescência.
O desafio, segundo os especialistas, é equilibrar proteção, acompanhamento e liberdade. “Estamos todos no mesmo barco, aprendendo a lidar com uma realidade que muda o tempo todo. O diálogo, a informação e o cultivo de valores são ferramentas essenciais para proteger as crianças e adolescentes”, concluem.
Para os pais, a recomendação é observar mudanças de comportamento, incentivar atividades fora das telas, manter comunicação constante e oferecer modelos positivos de valores, fé e convivência social. “Não temos todas as respostas ainda, mas podemos construir alternativas e criar ambientes seguros e saudáveis para nossos jovens”, finaliza Ribeiro.